Resumo A fenomenografia é um método de pesquisa qualitativa ainda pouco utilizado em estudos organizacionais. Visa a capturar as diversas concepções dos indivíduos acerca de um fenômeno, isto é, modos qualitativamente diferentes de experimentá-lo e concebê-lo (Marton, 1981; Marton & Booth, 1997; Sandberg, 2000). O presente artigo conceitual objetivou revelar a experiência de pesquisa com o uso deste método, explicitando achados fortuitos emergentes não relatados na literatura com base em um estudo empírico realizado com profissionais de RH acerca da valoração do conhecimento no contexto do trabalho. O estudo revelou cinco concepções, que foram arranjadas de forma lógica, hierárquica, inclusiva e interdependente, conforme preconiza o método. Procedeu-se a um grupo de foco (Goldman & McDonald, 1987) com participantes prototípicos, representativos de categorias distintas, para validar as categorias descritivas e aprofundar os achados fortuitos relativos ao método. O grupo de foco desvelou (a) a capacidade da fenomenografia em capturar o movimento bidirecional dos sujeitos pelas concepções ao experimentar o fenômeno; (b) o continuum ininterrupto entre as concepções; e (c) a trajetória dinâmica e flexível dos indivíduos pelas concepções no tempo e espaço, utilizando-as como modos de ação para guiar seus comportamentos diante dos diversos contextos.
Abstract Phenomenography is a little-known qualitative research methodology in organizational studies. It aims to capture the various conceptions individuals have about a phenomenon, that is, the different qualitative ways to experience and conceive of it (Marton, 1981; Marton & Booth, 1997; Sandberg, 2000). This theoretical paper aimed to shed light on the research experience using the method, explaining unexpected emergent findings not reported in the literature, via an empirical study with HR professionals on valuing knowledge in the context of work. The research revealed five conceptions, which were arranged in a logical, hierarchical, comprehensive, and interdependent manner, as stated by the method. Then, a focus group (Goldman & McDonald, 1987) with prototypical and representative participants of the categories was held in order to validate the descriptive categories and enhance understanding of the unexpected emergent findings. The serendipitous findings unveiled: (a) the capacity of phenomenography to capture subjects' two-way movement across conceptions in experiencing the phenomenon; (b) the uninterrupted continuum between the conceptions; and (c) the dynamic trajectory of individuals through conceptions in time and space, using them as modes of action to guide their behavior in relation to diverse contexts.